segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Reações
Nem sempre as reações se fazem as mesmas.
Cada qual tem o seu ímpeto, o seu modo próprio de lidar com as circunstâncias.
Se alguém se encontra sufocado por algo, logo se esforça para desta carga livrar-se, mesmo que isto lhe custe muito esforço, muito trabalho.
Porém há outros que acham mais fácil a acomodação em dadas conjunturas e nada fazem de esforço pessoal para inverter a situação e permanecem por longos períodos estagnados, acomodados à força do destino.
Mas se todos assim se portassem, o mundo seria uma total madornice, pois não haveria mudanças, tampouco o progresso.
Para haver mudanças é necessário esforços contínuos, como também uma força de vontade de quem a exerce.
Sejamos mais leves, mais livres, mais libertos das cargas que nos prendem, que nos atam.
Estas podem vir representadas por aferros materiais, bem como por adesões e escolhas que se fazem para os vícios, infortúnios, defeitos grosseiros que nos embaraçam.
Ser mais liberto é ser mais leve, é não necessitar tantas coisas, pois coisas em excesso nos prendem.
Como também não se aferroar demais aos que nos rodeiam .
Deixá-los mais livres, mais soltos, para que estes também possam sentir a liberdade, soltar seus arautos entre tantos.
Ser livre é viver uma vida plena, livre de cargas, porque estas não passam de empecilhos que se traçam no nosso discernir.
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
O idoso é amigo
Como se pode esquecer daqueles que para nós foram a essência
daqueles que em sua veemência nos deram a base o estado de viver
luz em decadência deve ser aproveitada
a candeia que alumia não pode ser jogada num canto
como velho metal que de nada serve
os abusos contra os idosos proliferam por esta Terra incomum
onde a juventude é valorizada em quinhão desmedido
é do velho que vem o exemplo aquele que plantou a semente
que agora colhemos fartamente
e nem sequer um muito obrigado
oxalá um basta
é preciso ser mais comedido e modificar os valores
onde a decrepitude do idoso se faz ridicularizada
em jargões em todas as classes sociais
e se faz motivo de risos soltos
quando os presos em seus leitos
não tem forças suficientes nem mesmo para caminhar
aliviar o fardo que carrega o idoso
é modelo ditoso de se comportar
alegrias poderiam ser entregues todos os dias
àqueles senhores que muitas vezes têm seu descanço
na sala de estar por não ter outra opção para se locomoverem
são lacrados em lares onde as condições não se fazem maravilhas
muitos jogados às pilhas como se nada valessem
vivem em albergues mau cheirosos onde a mal querência
demonstra a falência de uma sociedade ingrata que não demonstra
gratidão ou relevância àqueles que lhe serviram de esteio
que lhes estenderam um berço
e que em noites de vigília em candura e ternura lhes embalaram
em braços unindo o seu cansaço em ardor e calor
é do velho a lição particular que a medida singular
que precisa que é incisa é derramar amor
Anoitecer
Raios vespertinos tingem o horizonte rufam asas pombos em revoada
lânguida e enternecida na Praça de São Marcos me deixo a fruir áureo poente
refratada luz me rememora a delicada história tão comovente que ali vivi
raios que desfilam na linda vista vem dos dias em que eu era artista
encalçando sem lisuras romanceadas aventuras saboreadas ao cair do sol
sem comprometimento sucumbi a caprichoso alento de sedutor viajor que se foi
brinda-me a mente com cenários vários que se passaram em airoso revival
cantantes passeios elegantes devaneios alongam gôndolas a flutuar no canal
cenário mágico me ilude e inebria e em plena quietude vem do ar linda canção
vem saudando Veneza num soar de beleza em ternura e crueza de um trágico adeus
deu-se assim a rotura que separou a favor de outros ventos bem mais favoráveis
e nesta bela vista só com os dias memoráveis
esta pobre artista solitária ficou em contemplação
Doce Veneza me conta onde foram estes tempos que trago em meu coração
Rosa
De cor clara ou escura da mesma pétala se faz formosura
flor especial rosa rubra ou carmim
aquela que empresta a cor do marfim
toda bela da natureza prova maior
de uma força que emana
suavidade de cetim aveludada rosa amarela
esculpida em galhardia de escultor
artífice de flor
amores lindo sóis eclodem
mimosos nos miolos singelos
distinção de força primeira entre nós
é a rosa prova elegante na exuberância
em formosura maciez e perfume
como primorosa criatura que nos traz
a maestria da Força Maior
Noite engalana
Os dias se põe cada um cada qual no seu preciso momento
em deslumbre áureo o cenário láureo adornado inflama
noite engalana esparzindo brilho prateando o firmamento
em encantamento narcisos silvestres vem pôr-se a piscar
tal Jardim do Éden abóbada florescida envolvida em frescor
alvor e marfim brilho cor energia amor renovar
noite ilustrada em imensa festa vem celebrar
cantares de estrelas de outras galáxias a nos alvorar
escorre brilho espraiando brio a anos luz de convívio
nada carece a quem tem o zimbório por cobertura
radiante fascina na infinita ventura da contemplação
o murmúrio dos ventos em linhagem emprestam entonação
vestígios faustos avassalam bosques gratos em penhor
Lírios em festas nos eternos festins do Senhor
Atritos
Certas turbulências encontradas podem significar muitas coisas
necessário a nossa interpretação para podermos sair ilesos destas situações
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
terça-feira, 23 de setembro de 2014
A madrugada se faz fatídica
Noite exaurida
exímio canto brota aos sentidos
cantor mavioso a delinear sonido
vou à janela ária mui bela aguça o ouvido
adentro o cenário desvestida
de longevos presságios despida
a pele me alisa frescores da brisa sem nostalgias
e assim aérea me entrego à mensagem
da noite suave que me acaricia
rubores frescores voragem
me devoram e consomem aliciam
sabores e olores a fruir sensações
que vem de fora e assim nesta hora
noite esvoaça
magia exultante da noite em melodia sidérea
de um céu de estrelas de energia etérea
o clamor da noite se adentra em mim
madrugada escoa
não demora a aurora salpicada em frescor
vem entoando poesia e amor
num embevecimento que assim ressoa
extravasar momento assim faz alvissarar
enlevada em força estranha que vem sussurrar
a me declarar que já é hora e é dia
alvoroço surjo do nada
soar sidéreo me alienou
às lonjuras me levou e deste feito deste
voo imenso
tal brisa etérea só meu corpo ficou
naquele leito
Tempo esgotado
Todos os dias o relógio nos ensina
que categoricamente a hora chegou
seja um dois três ou talvez chegue às quatro horas
e algo ficou para depois
este descompasso assola o ser
por não ter cumprido a um compromisso
ou não ter dado o início
daquilo que dele era requerido
e esta situação angustia
hora vazia é bebida fria
que se ingere e assoma
e o coração sai pela boca
como quem perdeu uma grande soma
hora perdida é anão preenchida
em que não houve amizade
ou tampouco alegria
hora perdida é medida urgente
e a hora para frente deve enviar consolo
nunca se perde uma hora
por deixar alguém a descontento
a ficar horas à fio ao telefone a espera de ligação
ou de uma porta que se abre ao menor ruído
pensando ser os passos daquele desconhecido que conosco agendou
hora cheia é bebida farta
é albergue é abrigo é irmão é amigo
hora capacitada é aquela avisada
suave e sensível é fora de perigo
ser confiante agenda e cumpre
ser favorável é a mesa saudável
cheia de convivas que com imensos vivas
é mais um que chega é mais um que se achega
e todo o conjunto rejubila
que a hora em cima
é aquela que ensina
Verde que te quero
Verde que te quero
O verde é sinal de vida abundante
da seiva latente como o versejar sadio
lindo e frio mesmo num dia chuvoso
absorvente clima é aquele que reflete
como também que nos remete a ir além
é no parque o momento ditoso do velho
do moço do adolescente esperançoso
que ali vem se inspirar e quem sabe
encontrar um aceno feliz
parque motivo de festa
pequena floresta cultivada para a petizada apreciar
parque vestígio de sonho do velho do moço
do galanteio de alguém que ali veio procurar companhia
vem de dentro do parque vozes mágicas
constâncias que se fazem encantando desilusões
verde que te quero verde
de que adianta todo o artifício do mármore
que reflete se o que se repete é do verde
que emana toda a força e o esteio
verde que te quero parque que anseio
verde sempre verde é a canção do petiz
do poeta como também de quem ali é feliz
verde ao derredor estimula melodia alento e pejo
parque cenário parque império de todos
nenhum vale mais quando
o parque é de todos iguais
Parque de todos é arpejo é canção
Corrigíveis
Corrigíveis
De um lado seres se postam como autômatos
acrômatos feito máquinas exóticas da agonia
laudas frias indiferentes aos caos vigente
tábula emblemática da perseguição
de outro lado solenes componentes
mais conformados interpostos são os opostos
como se a vida fosse um jogo
antagônicos agonia e engodo
e atilados amenos obreiros
guerreiros em lutas constantes
militantes entre a importância e a devassidão
aristocráticas sentinelas que bombásticas
vacilam entre o sim e o não
lidadores confederados são soldados que trazem a canção
maus guerreiros desarmoniosos excitam o caos
exercitam e incitam para que o caos se cumpra
certo e errado noção e exaustão
dorso enquadrado dentro dos sinais do verso e canção
bom ou mau vem fazer distinção
figurar todo o significado que traz
com ou sem coração
paladinos de luta cavaleiros predispostos
os comandos estão à postos
se presta ao parceiro o preferir
se será feliz e altaneiro
resta apenas ao companheiro decidir
Vou te falar
Vou te falar
Tantas coisas não são ditas
permanecem presas na garganta
palavras engolidas e que não são
necessariamente hábeis a serem exaltadas
palavras que faltam palavras que ficam retidas
por alguém que não consideramos
ou que não aprovamos o exemplo
palavras suaves que se façam
de acordo ao encontro
palavras com habilidades que levam
à esperança conciliação ou reconciliação
muito cuidado com o que se fala
pois cada verbo dito é palavra
que encontra no infinito repercussão
não falar é bem melhor quando
não há nada de bom a acrescentar
e então mil vezes
bem melhor se calar
Em vias
Contemplativo meu olhar na exuberanre paisagem se perde
e como num vislumbre tudo se modificou ao meu redor
levada por uma torrente copiosa de pensamentos me vou
a um lugar distante de beleza ímpar e estonteante
aragem doce me envolve e nesta terra estranha e garbosa
eu não era a mesma era diferente do que sou naquela paragem airosa
mundo mesclado de cores onde exalava-se amores lindas fontes
magnífico ambiente onde jocosidade e falsidade eram inexistentes
seres inauditos em vestes diferentes e esplendentes para mim
me afagavem com carinho que assemelhava carruagem de marfim
sensação de paz e quietude e a mansuetude me assola
por um arauto sou informada brandamente que já era a hora
e num salto tudo evapora e eu volto onde estava outrora
voltei sem lembrar dos nomes com quem confabulei
e desta ventura só guardo vislumbres
causa festiva dos meus deslumbres
invadida pela paz fui à paragens que nem sonhava existir
mas após esta experiência faço tudo para repetir
A justiça se faz
Queiramos ou não vivemos num mundo de enganos
de lamentos de constrangimentos
e porque não num mundo de dores
dores que se fazem espalhadas ao nosso redor
é só abrirmos os olhos para reparar
porém o que todos ainda não sabem
e procuram o escondido pensando que isto existe
Escondido é o que se pratica às expensas
do que adverte a consciência
e isto certamente restará para nós
Lamentável é não ser amigável de si mesmo
é perder o prumo quando o caminho é o certo rumo
equivalente equidistante justo
certamente este é o melhor
o pior é se deparar com imperfeições que correm
soltas às nossas vistas e fingir que
não vê que não ouviu e que não reparou
calar-se não se pronunciar equivale no mesmo
pois está dando a salvaguarda àquilo que não se guarda
que é a injustiça social e moral deficiente
que corre às soltas por aí
Nosso povo precisa aprender
a conviver de modo mais enérgico
para que um ambiente sinérgico
lhes velha às mãos
Lamentável é vida de correrias de flagrantes
vestígios de honrarias a quem não merece
Uma boa louvada é aquela que se dá de coração
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Entreolhar
Cabeças que vãs refletem modelos que se tem quando a consciência não acusa.
Na entreolhada que se dá, nada que possa segurar, quando a imagem que se louva não é a própria que se é, mas aquela que se desejaria ser.
Ser o que não é , leva a ver o que não existe e como falso reflexo triste, em cada ocasião, uma nova projeção de si, que se estende para ver se atende aos resquícios de uma sociedade fria e banal e porque não frívola e que não condiz com a projeção eficiente que deveria fazer de si.
Narcisos são falsos , são ocos, são seres que saem em burburinho pensando serem melhores que o oprimido que veem ali.
Narcisos são sarças não condizentes, fantasiosas serpentes, que raciocinam somente para se mirar.
Reflexos são certamente de uma sociedade que cultua a grandeza do lado do avesso do ser.
Quem não conduz a sua imagem à beleza real, leva a figura emblemática de uma sociedade escassa que não acata os valores decentes.
Ser serpente é ser narciso e tantos deles aí existem e são cultuados por todas as faces de um mídia incerta que ignota não adota valores morais e como cascas que são vão em busca de solução para toda a imperfeição que jaz dentro de pobres e mendigos corações.
Um narciso quando se mira no espelho vê a si como o alvo, como o alvor, quando a negritude que habita seu coração é sortilégio.
Falsa modéstia é anormal para esta condição que leva o ser à servidão de si mesmo.
Ser a casca, a aparência, quando de fato o que ignora, é que se buscasse um espelho devotado, que lhe narrasse com perfeição aquilo que vê, aquilo que nota, certamente sairia assombrado.
Narcisos são chagas de uma sociedade elitista que elege a hipocrisia por poder de minoria.
Reservar-se a si a maior parte do quinhão e o pobre que pede um pão é veementemente enxotado.
Narcisos não são caridosos com ninguém, não esbanjam um vintém, a não ser em seu próprio proveito, tem despeito de alguém que de fato, não dá valor à aparência e que usa o sabor do vento para os cabelos alisar.
Alijados de um mundo mais uniforme, usam extravagâncias disformes, para sobressair as suas posses, mas de onde elas saíram, isto é ocultado, pois narciso que se preze, este mesmo só elege a si, como o melhor, como o mais culto e que todos devem ser vassalos de si.
Quem muito se cultua se elege o melhor, o maior, o mais belo, como o mais poderoso também.
Muita ignorância convém ao narcisista, pois assim o seu domínio se faz facilitado, e e pobre povo que deslocado de valores culturais, jaz no fundo do poço, onde o belo e fervoroso moço, vai dos seus próprios encantos sorver.
A esperança se renova
A cada eclodir de um novo mundo
a cada surgir pelas galáxias de novos planetas
que se formam de modo constante
vida é eterna
refrigério e canção
porta aberta à melodia que se adentra
como um novo programa estabelecido
saudar o mundo
o planeta o sistema solar
e explorar Universo afora
tudo o que ainda nunca foi sequer
imaginado pela mente humana
mundo limitado e restrito para nós
é mundo novo no espaço
é mundo que estende os braços
nos chamando
Vem!
Autoconhecimento
Tudo o que espera é que se tenha uma imagem real, que deve ser diferenciada da imagem idealizada que fazemos de nós próprios.
Ter a capacidade de um olhar agudo e que se faça profundo, é façanha de poucos.
Muitos cultuam uma imagem fantasiosa de si, o que fica fácil de verificar, quando o ser não é imbuído de um espírito arguto de crítica e pretende ilusionar a si mesmo, imprimindo as características que lhe convém.
É difícil fazer um retrato fiel de sim pois toda a análise requer uma postura moderada de si, bem como da sociedade que convive.
Os valores em que estamos inseridos vem ligados à imagem padrão daquela atualidade, onde convém se parecer com os moldes festejados na época.
A inovação nos causa muitos sacrifícios e esbanjar mediocridade, é o que se parece ao ser que pensa que a imagem cultuada, aquela que faz de conta, é a sua realidade.
As características de cada um devem ser sempre consideradas, pois o ser é individua, mesmo que pertença a uma cultura massificada, sempre será independente do contexto onde vive.
É natural vermos pessoas que vivem avante do tempo em que estão inseridos, bem como não pertencerem à mesma cultura do meio de sua convivência.
São seres aguçados, com grande senso crítico de si mesmos e este é o verdadeiro retrato que se possa fazer de si.
Uma análise justa e prestigiosa de si, mas baseada em pilares reais e que não se façam fantasiosos.
Muitos seres se julgam acima da imagem padrão da sociedade em que vivem.
Ledo engano, nem sempre seremos o produto do meio somente há valores a resguardar e muitos trazem consigo esta imagem embutida, num nível maior de consciência do que os demais.
São vanguardistas da sociedade vigente e estes seres são como um abre alas de toda uma geração.
Artistas, pensadores, poetas, escultores, muitos destes seres tem uma visão mais própria, mais altiva do que os demais membros desta mesma geração e podem levar massas ao delírio, muitas vezes imbuídos de toda uma boa intenção.
Líderes de toda a sorte contam com estes predicados, de que já vem impregnados em si, como fruto de vivências anteriores, já vem mais preparados, são mais sensíveis para esta espécie de condução.
A marca que se imprime em si é a marca registrada de um ser, que vaza as suas influências através de inteiras gerações e não para por aí. Vão se derramando através de gerações vindouras, que serão beneficiadas pelas ideias inovadoras, que com altos sacrifícios, somente espíritos abnegados poderiam suportar a carga enorme, que carregam por missão.
Que seria do mundo se todos fossem da mesma mentalidade e ficassem estagnados, com os mesmos objetivos e ideias?
Que seria do progresso se de quando em quando, estes vanguardistas não aparecessem e transformassem a visão das massas, que se fazem mais bitoladas?
Jamais seria possível a inovação e o mundo seria um tédio reservado , aos que desejam a massificação.
O ideal perseguido por um ser é único e individual e jamais a massificação que se faria um transtorno para tantos, em favor de minorias, que não desejam o avante, o progresso e a mudança de opinião.
Opiniões férreas são frequentemente opostas ao espírito de vanguarda, por isto as lutas são imensas e exigem enormes does de abnegação
Este é o retrato de uma mulher sofrida, que sofreu vários transtornos, por não se portar como os costumes vigentes , mas que pode ser generalizado.
Ser uma mulher artista, naquela época, no México, era uma vida estranha e muitos pejorativos eram dirigidos a estes seres, que com espírito de luta e sacrifício seguiram os seus ideais até o fim.
domingo, 21 de setembro de 2014
Encantos
Fina e meiga imagem de doçura flor e formosura
são predicados conferidos ao feminino
tudo que se diga que se entoe
se faz minorativo ante ela
mulher é mãe é sagrada no dever que a enobrece
mulher canção e prece aos pés do Senhor
em comoventes pedidos em favor dos seus
mulher exemplo ninfa e poesia
atlética figura que assegura os passos
de fidelidade da docilidade que a demarca
seres frágeis em complexidade física
mas grandes em almas abnegadas
que não se resguardam guardam e agasalham
aqueles que seus braços vem procurar
mulher é amiga mulher companheira
mulher altaneira é verso fiel
saudar a mulher é benefício que se estende a todos
pois através dela se vem ao mundo
e através dela se chega ao apogeu
cultuar a imagem feminina
como força viva como voz ativa
como mestra em batalhas que se travam na diária
nos ganhos a seu favor
mulher que se faz
mulher que se vê
é sempre doce
o alvor que provém
sábado, 20 de setembro de 2014
Tango em noite de prata
No alvor da lua saio pela rua desconsolada
na murada de madressilvas nem uma flor
brilho refletido brinca nas calçadas salpicadas
caminho em vago ao encalço de calor
música métrica e trágica se declara
vem daquela sala num soar particular
império de violinos incursões de bandonéons
portenho sério tenor de voz portentosa
acena com uma rosa me invitando a bailar
é cálida a cena e o frio urge lá fora
o clima implora a proposta abraçar
luz de candelabros os meus olhos abro
só por esta noite contigo quero estar
vem me aquecer não quero fenecer
só nesta ruela venho desentristecer
bailar sincopado de um tango argênteo encorpado
magnetiza e me aviva ao som de Madressilvas
singela homenagem a Carlos Gardel
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
Voilà
Quando te mirei pela última vez
não podia crer no que estava a ocorrer
flagrante ultraje trágica frase proferida sem sensatez
e de inesperado pus-me a sondar como agora viver
ao desabar a procela pensei não resistir
e aventei ir ao fundo feito náufrago a imergir
porém comparada a angústia oriunda
invasiva a ferir-me profundamente
veemente perscrutei por alternativa
esquecer era impossível de pronto
e incisiva dei-me uma chance
é cruel fenecer por um romance
em que fui relegada a último plano
do contundente e atroz desengano
vespertinas razões fizeram olvidar o mal feito
do dia em que a tristeza veio se insinuar em meu peito
meus olhos ainda te miram
naquela tarde tristonha
e aquela imagem bisonha
esplêndida à sua mercê
vem sempre se aninhar
é na minha retina
cravada com duro golpe
mas que ainda tenho a sorte
de sobreviver e muito bem sem você
terça-feira, 2 de setembro de 2014
Quem seria?
Quem seria?
Na estada diária
conjunturas aparecem
em que não divisamos
quando sozinhos ficamos
nunca à sós estamos
porque sempre haverá
companhia a nos rodear
quem seria a alegria ou o infortúnio?
quem circunda quem seria?
as etapas se fazem uma a uma
uma ou mais é o que se pode fazer
se dois já é demais
imagine se toda a turma resolver aparecer
Sonho Alado
Sonho antigo acalentado pelo homem que se vem de remotas eras
voar é sonho é alento de todo o ser que deseja ter uma nova visão
é do alto onde a vista é mais formosa seguindo as formas de contemplação
asas que rufam feito tambores a acalentar sonhos a demonstrar a leveza do ser
voar é berço é império é ensejo é renovação
sonho alado é o prudente o não reservado aquele que se esvai
onde o céu ilimitado é faísca sem fim
sonho altivo que se faz pelo firmamento pelo ir sempre além
não ficar detido num só lugar é empolgar multidões para ir sempre ir este é o sonho
este é o ideal de quem não confia permanecer num estado de latência
que consternado se vai aos primeiros acordos do verso inflamado
do alvitre do convite eterno que é o ir
ir para as lonjuras soberanas e de lá contemplar como a Terra se faz plana
a quem procura encontrar na juventude
no colorido emocional sob um prisma menos angular
do alto dos píncaros o olhar se faz mais vasto
voo fausto visão abrangente ao olhar agudo
daquela sentinela que se chama Ícaro
o filho do Amor
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