quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Soares Especiais



Quando a paz vem a ser a mira, quando o harmônico se faz a tônica, então sonidos de lira vem brindar com soar filarmônico.
A rotina tumultua e andares cabisbaixos é postura usual, os sentires opressos transfegam e conspiram, onde o ensimesmar- se parece uma regra geral.
Dia especial é aquele em que os humores anseiam paz e boa vontade, corações eclodem, amores transbordam, e festivos cordões de união e alacridade se alastram e atraem outros bordões com semelhantes exalares.
Natal é data de luzes condecorada, onde impera a paz em cada morada, onde a vida ganha sulcos num embalo profícuo de coros cantantes em todas as vias, em soares vibrantes exalando alegria.
O exalar contínuo deste estado cordato faz o mundo mais grato, a esperança ponto máximo, a união reverbera por longínquos rincões, num uno emanar de consórcio e aliança, que felizes alcançam a distantes nações.
Soares, como estrelas que luzem, sons que se produzem, num solfejar menestrel que aponta para o céu, são bênçãos, são reverências que ungem, são cordões que se cingem, transformando o mundo numa canção especial.
Afinal, o Natal é da fraternidade o manancial!


Quando tudo parece perdido ainda há uma chama



Nas emboscadas, em situações capciosas que a vida trama, tal um melodrama, o itinerário dos dias é o constante cambalear.
Quando a neve parece enregelar os sentidos, pelas cruezas sofridas, quando a lida parece sem valor, quando se perde o sabor, e sem sinal de melhora, então a hora parece fatal.
Heróis são todos aqueles que sobrevivem as agruras diárias, onde o inimigo invisível é a falta de parcos tostões, ou a indigência de afeto indizível aos borbotões. Heróis de valor em todas as artimanhas, nas batalhas tamanhas, onde contra se arregimentam forças broncas, onde o saber, o construir parecem desaparecer a golpes de artilharia, iguais a madrugadas frias. O destruir por prazer se faz brado forte, onde a angustia convive lado a lado com a morte indiscriminada nos campos de batalha, feito um lazer.
Uma vida nada vale, é lema, é emblema de tantos.
O exterminar virou o brado retumbante, homens e mulheres nada relutantes em costurar o avesso dos sentimentos, onde a destreza de manusear uma arma se encontra no meio do banco escolar.
Mundo surdo, sujo e hipócrita, onde o comércio ilegal se faz legalizado, onde a causa do defender-se pode render a falência, o nocaute de várias vidas ao dissabor. Mundo onde o sentido profundo se perde, onde a metralha se faz na recusa de migalhas, sem valor.
Homens sem lábaro, sem camisa, sem comiseração, saem às ruas sem sinal de bravura, sem sinal de esperança, onde a força do fuzil se cruza na bala não achada, mas na perdida no cruzamento, abaixo de um firmamento, num céu de anil.
Força que não se faz armada, vem despertar a caçoada, e na força tênue a descoberta que o desmoronar começou.
Cedo, muito cedo, crianças vis, seviciadas são enjauladas, é o fincar as guampas no inferno, e o grito estéril nada repercute na força bruta, na artilharia atroz.
 Ó Céus, para onde vamos todos nós?

Laís Müller
Brasil