segunda-feira, 6 de junho de 2016

Modelo






Doar, beneficiar, são sentimentos abstratos, intangíveis , valores sem tato, impossíveis de  serem materializados.
As setas, os vértices, o ápice, tudo se volta ao mundo do amor, da beneficência, da benemerência em ardor.
Mulheres sensíveis, amáveis, modelos irretorquíveis, ágeis aos benefícios, em incontáveis sacrifícios .
São flores e pores de sol, são canções ternas em bemol, são cores, mares enluarados, com beijos açucarados.
Senhoras, jovens, de todas as cores os matizes , de etnias  diversas, de todas as raízes, de todas as classes sociais, todas são únicas e especiais.
Para aquele que é acalentado, ela é suave, é um doce magistrado, na certeza absoluta, que no mundo estará sempre amparado.
Uma mãe é reconhecida até pelo odor, pela voz, pela certeza que onde quer que for, consigo sempre estará ao lado.

Augúrio






Era uma tarde febril de sol fogoso, onde os pináculos exuberantes exalavam ouro.
Arrebatada por um poente soberbo, na exótica e indescritível paisagem, diviso uma imagem suntuosa, que assemelhava uma ninfa celestial.
Extasiada me prostro, mas não recuo, e a flamejante figura parece preocupada com o paradeiro de alguém. E estonteada arrisquei:
- O que fazes sublime senhora, ostentando tanta beleza, com este arco nas mãos?
- Sou guardiã!  Respondeu incisiva.
- Protejo os pássaros, sou deles uma soberana invisível, mas por instantes, deixo-me ver. Defendo-os dos caçadores, que não têm perfeito juízo, nestes céus já tão despovoados, ainda ferem os pobrezinhos, que vivem sobressaltados. Após devassarem as matas, seus lares, ainda não suportam os ver voar, com seu planar enfeitando os céus.
E após este murmúrio, numa voz vibrante em augúrios, desapareceu!

 Laís Müller
Brasil




Profissão





Alardeada era, não antiga, mas contígua a atual, como tal o pincel desvela, o levante em tropel, e a dor que a marca afivela.
Os protestos, as profissões por maiores direitos, os pesares funestos, estampam as faces o que levam no peito.
Rolam esquecidas, mulheres frágeis e destemidas, das lidas ufanas, ágeis, não percebidas, profundas mensageiras em pulsão, que ultrapassam as fronteiras de uma única nação.
Mexicana típica em rebozo atado, forma a força rítmica de um sopro emanado, honradez peculiar, gentileza sem par, credora da altivez, das antecessoras herdada.
Mulheres sábias, censuradas por nada, na violência infeliz, mortas por quase um triz. Escondidas em amplas vestes, neste mundo agreste, para as lides toscas lembradas, mas logo após já sem brilho, foscas, são renegadas.
Visão, lampejo, ato de fiel contrição, é a doçura em arpejo, que emana do doce coração.
Galardão do valor, da ufania valente, que extrapola o quase continente, e se espalha, num eco, num brado, num símbolo, que a pátria é do povo que a ela pertence.
O capitanear, no eco redobrado, que a pior tirania é travar, ante o suposto mascarado, são oprimidos os que sofrem desgostos, por perderem seus sinais.
Todos iguais, só o valor, só o labor, na mesma moeda, todos num só posto, prega a altivez do belo rosto.

Laís Müller
Brasil