segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Escada em Caracol







Galgar é proposta infinita. Sorrisos e sonhos ascendem, tal como velas em preciosos castiçais, que alumiam e demarcam.

Trajetos prósperos que comemoram , de agruras se alternam, onde a fé se faz presente e a esperança mora. Viver, ventura perene, que se derrama por todo aquele que compreende, que o tempo urge e que a paz espera.

Sorver as alegrias de além-túmulo, por antecipação, é crer que o sentido da vida é renovação. Espirais que ascendem são favores recebidos, são fervores cultivados, ardentes no coração.

A fraternidade reina no seio daquele que aprender que a vida é justa, permeada de percalços e que quanto maiores, mais célere é a escalada, adiantando muitos passos.

Espiral, Escada de Jacob modificada, como um tufão de vento, que vence o desalento e ensina, que a vida é sábia, justa, formosa e fraterna. E que em cada volta, o belo sonho por cada um espera.

Revelações sonoras, líricas anunciam, que cada qual tem o direito igual, de ascender até o topo do caracol.


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Celeiro de Midas


Celeiros dourados, que se erguem feito espinhaços , em cordilheira galgam o espaço, ascendem aos céus  engendrados.
Minerais enfileirados, uns aos outros, lado a lado, entrajam gala duvidosa, vestem  estética onerosa, rastros insignes da mudança, de tudo o que já foi selva.
Mata virgem foi abaixo, não sobrou nem um riacho, dando origem à extravagância sem medidas, erigindo o Celeiro de Midas.
Fogos de artifício, sem pudores desde o início, servem de floração, surgem à meia luz, aos reflexos do sol poente, onde prismas comemoram  nobres horas, a audiência da estupefata admiração.
Minam e intrigam estes solares da solércia, para onde caminha a humanidade, plena em comodidades esquecendo o natural?
Cristal, diamante, marmoreiam fachadas flagrantes, prestam contas que a cultura se espelha e se emparelha, com vitrine de enorme joalheria.
Confrarias da soberba, são sem verde, são sem relva, com labores de uma selva inerte, com as posses de uma herança acerba, onde a água não verte.
Viver é também o coabitar com fragrâncias juvenis, cultuando  oásis gentis, onde cabem flores, e não o descaso de um único vaso a murchar.





sábado, 8 de outubro de 2016

Voláteis





Sons, que invadem os corações, afáveis alvitres emanam a adentrar no silêncio.

Voláteis como o ar, da audição não carecem, e se aboletam no imo.

Madrugadas, doces aliadas do mundo invisível, onde os rumores são inaudíveis e as canções se repercutem em notas, que não se ouvem, mas que se fazem perceptíveis. Manhãs carinhosas invadem o despertar ameno, onde a paz e a constância vêm contar de alvissareiras bonanças.

Em meio ao silêncio notas evolam, numa construção melódica, onde as palavras são meras coadjuvantes incultas, e o pensamento impera. Inaudíveis sons, em metafóricos sentidos, desprendem-se dos pensares, e canções murmurantes corroboram com a festa, onde inaudível orquestra paira no ar.

Canções, corações interligados entre si, através de ressonância, vêm se unir, onde o repercutir é viço e a esperança o ponto forte, onde ondas de harmonia povoam em liras imperceptíveis vibrações.

Vozes vivas e velozes repercutem, vibram e alisam os sentidos, de doces amigos, confidentes fiéis dos nossos ais.

Linda melodia, que se evola pelo vento, traz em cada nota um alívio, um canto ritmado de uma legião de rouxinóis.


quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Jornada




Sobranceiro e caprichoso caminho, forma esboço em torvelinho, não se atina o colosso imbricado, onde a trama feito um fado, o andeiro levará.
Onde estará na lembrança, o previamente traçado, aquele que era a esperança, sem desvios no palmilhar?
Como de um rio o leito, o trajeto é feito, discretos rastros remanescem, aparecem e evanescem. O destino esculpe com precisão, o vaticínio leva pela mão, infalível, impossível se furtar e uma passagem burlar.
Brumas em nevoeiros, envolvem a trilha do jornadeiro, mas a recognição brilha, indefectivelmente rutila, ante a aproximação dos fatos , que certamente virão.
O caminho é próspero, rico em bonanças, que se retenha na lembrança alacridades, e olvidados os desencontros, ouvidos moucos, desilusões, não restando nem saudades.
Atraentes desvios se oferecem insistentes, com promessas duvidosas de regalias. A pressa é pressuroso desafio da vaidade, mas nem sempre garante a felicidade.
Caminhar fiel a si mesmo é força que aviva, é a força viva de bem conduzir a própria vida.

Laís Müller
Brasil

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Doces Frutos




Pingos de mel gotejam das árvores e esparramam-se em sombra e sabores, a espalhar doçuras.
Chuvas de flores já haviam caído previamente, ao festejar o início da estação da bonança.
Sazonal ponto de todo o sacrifício heroico, onde o brado colossal vem resumir-se na palavra fartura.
Colheita, festa da vida, onde o abastecer se faz mister, onde legionários enfileirados desfrutam do servir-se em enormes braçadas, onde o vencer é a meta, e a preguiça companhia ausente. E onde os odores frutais, vêm invadir os sentidos dos simples transeuntes ao derredor.
Prevenir é um fato daqueles que escoltam a prodigalidade, onde a abastança de hoje pode faltar no amanhã.
Toda a fragilidade humana é revelada nestas imensas mesas decoradas, que são os pomares, onde o servir-se decorre do apenas apanhar.
Sazonalidades prudentes, onde a gala de nada se ressente e apenas oferece o seu melhor.
Frutos fartos, perfumes sensíveis, mostras indizíveis da vida no seu incansável reproduzir.
Perpetuar, esta vem a ser a festa, a eterna seresta das glórias, das ofertas, da generosidade presente em cada lugar.


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Indagações


Indagações

Mil pontuações espalham,  mil interrogações amealham.
Um hiato, uma migalha de tempo livre,
emoldura o retrato, dourado alvitre à perplexidade.
É prioridade preencher obtusas resmas de papel,
ou quiçá contar confusas nuvens a passear no céu?
O tempo é caro, e prostrar-se a vagar sem itinerário é raro!
Em tamanho resumido, se parece a um bandido,
 outras vezes a um estranho, ele se esconde,
e quando o temos nas mãos, não responde.
Sem chamá-lo aparece, e quando se tem pressa, depressa vai embora.
Horas ganhas e perdidas, cada qual se vai por sua vez,
e acomodar todas as investidas, é mais um talvez.
Espiar cabisbaixa, ante o relógio, o que se encaixa no seu sóbrio rodopiar?
Quiçá seja zombar do acaso, pois todo soldado raso,
sabe extrair da hora o azo mor, sem demora.


quinta-feira, 21 de julho de 2016

O Escritor


Repassar sentimentos para a escrita, não deixa de ser uma arte.
Redigir o que se sente é uma questão de sapiência. Sim, pois vários eruditos, que apresentam estilo rebuscado são maçantes, enquanto outros em simplicidade  alcançam  graça e harmonia.
Grafar é incluir pessoas ao seu rol de conhecidos e quantas vezes ao meditar certas páginas nos sentimos muito próximos de quem as escreveu.
Concretizar em linhas os pensamentos é modificar conceitos e a boa  literatura não deixa de ser um modo prazeroso de abrir fronteiras, de alargar os estreitos horizontes humanos.
Cada escritor traz em si um germe, que poderá ser ou não desenvolvido, e ainda bem que muitos deixaram suas raízes nesta Terra para o nosso aproveitamento.
Quisera que todo escritor tivesse a chance de desenvolver seus talentos. Porém, os meios para que isto viesse acontecer estão escasseando, pois vemos no dia a dia boas publicações não lidas. E, é uma lástima que os interesses descambem para trivialidades.
Que a mentalidade se alargue, que as fronteiras se expandam, e que bons princípios se disseminem!
Um autor é uma ponte que nos leva a enxergar sob o seu prisma.
Que conheçamos muitos e muitos deles, e que a nossa gratidão recaia por sobre aqueles, que se privaram de tanto, para nos proporcionar a graça de ampliarmos nossos horizontes!