segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O Sossego



Forças exauridas, insones madrugadas, repercutem e assomam, é a fadiga que incute  postergada, sem mostrar sintoma.
Restaurar o que é vivo, recuperar é preciso.
Estar à sós consigo, é construir um abrigo, uma redoma de vidro, onde o amargor não vinga.
Estar a sós vivifica, é  corrente que vem e que fica, restaura, ressuma e vigora, é a vida que vibra na hora.
Apreciar a própria companhia é tarefa hercúlea e de valor, é  maravilha, é álea sem dor.
Ao invés do burburinho, a efervescência de um soninho, é o emergir da turbulência, é o esbaldar na própria essência.
Estar em paz consigo é verso de abrigo, é canção de rouxinol, é abrir as portas ao sol, e  uma mansa manhã indolente, longe de ser solitária, é o  terebrar do corpo inerte às forças solidárias, à  energia que reveste.
Vida é encontro e emoção, no magnetismo, a vibração.
Estar em paz consigo é boa medida, é prevenção!

domingo, 22 de novembro de 2015

O que não foi dito







Sonoridades que se fazem em cumplicidade, clamor de outro amor  que vingava outrora, e que a um passado pertence agora.
O que foi, se foi. Resta só o apreender, que o presente não pode o passado viver.
Maltratar-se com o que não mais existe, é predizer, é querer jogar-se a uma vida triste.
Bem melhor deixar ir, deixar partir, sem persistir, sem inflamar o sangue nas veias, se é outra a paixão que incendeia.
Rondar feito um fantasma, face à evidência que ora pasma, é fantasiar o que vige , num festejar ao que aflige.
Talvez melhor quebrar o elo, não entregar-se ao flagelo, abrir a mão , deixar que vá , e amores novos surgirão trazendo alegria e canção.
Aferroar-se ao passado, fecha as portas ao nascedouro,  sem dar as costas às supostas alianças de ouro, que quiçá não lhe convém, pois nada segura se o sentimento não perdura.
Afinal, ninguém é de ninguém! 
Laís Müller

Às Voltas









Encantos podem revestir-se em sutilezas, quando externamos os sentires.
A expressão corporal vem exalar as nossas emoções.
Não somente a palavra diz, o corpo por inteiro fala, e conta coisas que os lábios retém.
Somos compostos de emoções, que são fiéis aos nossos sentimentos momentâneos, a sensação se exala, vai além e o corpo inteiro revela.
 A dança demonstra aquilo que a boca cala, o que não se diz se faz manifesto neste estado que condiz.   
Expressões corporais são avenças,  são um encontro não camuflado daquilo que vive em nós.
Impossível parar de exalar e deste modo condizente o corpo narra e delata em seu modo displicente confissões mil.
Como calar os olhos frente alguém que se quer? Como não demonstrar a contrariedade que se requer face a um ardil?
A dança externa sensações, volatiza pelos gestos , sintetiza  impressões , retratos manifestos das recônditas emoções.
O bailarino em cena, mostra problemas, contrassensos, evola odores, queima incensos que habitam em si.
Toma o corpo em chama, na melodia o melodrama , é verbo solto, sem freio anistia, é  vertigem em vestígio que não está morto.
Vive e mostra fidedigno àquilo que o coração diz.



Plenitude





Sem se pensar no final o sabor vem a ser avivado.
Tudo se faz continuação. Sonhares rebuscados, são tal uma grande orquestra, que na melodia do sempre, continua a evolar.
Dias que não terminam, tudo é infinito, o que não tem fim.
Eternidade é viver para sempre, mesmo que seja na roda da vida, em seus dois estados.
Viver sempre viver, isto é plenitude, e sonhar é juventude que não tem fim.
Perder-se nos tempos de longínquos primórdios e prosseguir na busca de novos sóis, que estão ainda a eclodir.
Pleno é uma representação majestosa, onde ser sereno vem à baila, é estar a par que a vida é sensação de continuidade, onde não se encontrará o fim.
E mesmo na proximidade da dita morte, encontraremos novo rumo, norte que nos levará a não ter fronteiras e no estado de vida plena, influentes seguir.
Vida sempre vida, alegria infinda, é lágrima que não verte, é romper a barreira do inerte e na vibração saber que a dimensão em movimento se faz.
Vida sempre vida, dos dois lados, dos dois modos, vida episódio colossal, onde o fim não existe!
Laís Müller
Brasil