terça-feira, 26 de abril de 2016

Tangente


Luz
refletida no mar
vem a mim a contar
que vem da lua
brilhante rastro se faz
saio de mim procurar
presença tua
aqui neste momento estou
mas em pensamento me vou
o mar cruzar
para alçar
o raio deste luar
que se chega em soslaio
plangente
em noite de maio



quinta-feira, 14 de abril de 2016

Quando as folhas caem



Quando as folhas caem


O crepúsculo minúcias revela,
 vem e a  luminosidade debela,
diz que a luz do dia é finita.

O outono se parece com a vida,
mostra que término se acerca,
em breve não mais se enxerga.

O  outono é ouro florescente,
para todo  aquele que é ciente,
que a felicidade é asserenar.

Em outra fase irá adentrar,
 e disto ter plena consciência,
é o coroar de toda a existência.

O verbo vem a ser o estar
porque o sentido da vida
se resume em asserenar.







Mulher Gueto


M  ulheres tantas
U  surpadas de direitos
L  evam a vida a despeito
H  umildade mostra a manta
E  nrodilhadas em artimanhas
R  evolvem dores tamanhas

G  uerreiras destemidas
U  sam as forças parcas
E  m favor da prole querida
T  emem  a todo instante
O  desamor que as abarca



Leveza


Asas encantam, inebriam, deslumbram,  de leveza  contam , no aflar, num ciciar de condão.
Onírico fascínio, onde o fitar faz domínio, um só foco hipnotiza, num só ponto a atenção.
Balizas voláteis, lábeis, voam pelo céu azulado.  Ó destino feliz destes seres alados, que no adejar em fulgor,  aos nossos olhos parecem ser dos anjos um favor!
 Claridades nos molham, tingem, impingem magia, na açucarada euforia de presenciar a fragilidade de  existências em  brevidade . Valor, em que o tempo  não conta  , e sim a monta vem do primor, da preciosidade   do voejar rebuscado em  magnificência. Vidas curtas, pulsam notórias no seu curso, transitórias, radiantes, em galante  esvoaçar .
Borboletas nos deixam ao chão atados, tal  anacoretas fascinados, ante a beleza descomunal, qual arrogantes  prostrados, ante a leveza celestial.
Ode, canção, reticências, quem resiste à opulência, de um ser que dos céus desce?
Parece, que com clemência nos olham, no condão que  demostram,  na efervescência  flutuam,  e a nós se insinuam,  por compaixão!



Ponto Cheio



Desperta pelas claridades da suave manhã, envolta na delicada paisagem se encontra a artesã.
Absorta, o trabalho exorta, tão pacificada, aplicada borda. É o ponto cheio a preencher, passa  o entremeio, sem tempo a perder.
Fina a agulha reta, treliça e ponto nó, da bainha aberta, da roseta ao rococó.
Em retirada estratégica, busca a paz de um refúgio, numa escapada  enérgica, sem deixar vestígio. Esquece  a mantilha, embora o vento frio, longe da matilha de soar  vazio.
Só, sozinha , senhora de si, parece que adivinha, o que diz o bem-te- vi.
Artesã de fio e linha , a paz que a circunvizinha vem do labor, faz do trabalho ladainha, num simplório hino de amor!