Celeiros dourados, que se erguem feito espinhaços , em
cordilheira galgam o espaço, ascendem aos céus
engendrados.
Minerais enfileirados, uns aos outros, lado a lado, entrajam
gala duvidosa, vestem estética onerosa, rastros
insignes da mudança, de tudo o que já foi selva.
Mata virgem foi abaixo, não sobrou nem um riacho, dando origem
à extravagância sem medidas, erigindo o Celeiro de Midas.
Fogos de artifício, sem pudores desde o início, servem de
floração, surgem à meia luz, aos reflexos do sol poente, onde prismas comemoram
nobres horas, a audiência da estupefata admiração.
Minam e intrigam estes solares da solércia, para onde
caminha a humanidade, plena em comodidades esquecendo o natural?
Cristal, diamante, marmoreiam fachadas flagrantes, prestam
contas que a cultura se espelha e se emparelha, com vitrine de enorme
joalheria.
Confrarias da soberba, são sem verde, são sem relva, com
labores de uma selva inerte, com as posses de uma herança acerba, onde a água
não verte.
Viver é também o coabitar com fragrâncias juvenis, cultuando
oásis gentis, onde cabem flores, e não o
descaso de um único vaso a murchar.